Um Freud jovem e ainda desconhecido em série austríaca que une ficção e realidade
- MundoZ! Cinema
- Atualizado: Domingo, 28 Fevereiro 2021 16:12
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Produção conta a história de Sigmund Freud antes de se firmar como grande mestre da psicanálise. Com oito episódios, a história se passa em 1886, naquele ano Freud ainda não era considerado o pai da psicanálise e lutava para alcançar o reconhecimento público, como qualquer jovem em inicio de carreira, ainda enfrentava a descrença da comunidade científica frente as suas pesquisas com hipnose, consideradas ridículas na época.
Série austríaca criada por Marvin Kren, Benjamin Hessler e Stefan Brunner. "Mostramos Sigmund Freud no meio do processo de se inventar", disse Brunner numa entrevista em meio ao Festival de Berlim, onde a produção foi mostrada, é uma mistura de drama, suspense e policial.
Tentava esconder eventos de sua vida.
Na verdade não sabemos muita coisa sobre essa fase da vida dele. "Ele destruiu muitos documentos, na tentativa de dificultar ao máximo o trabalho de seus biógrafos", disse Hessler. Na opinião de Brunner esse ato já nos passa uma ideia de quem era Sigmund Freud.
"Era um homem convencido de que iria tornar-se uma figura digna de ter biografias publicadas após sua morte. Há uma história sobre quando ele andava por Viena e, ao passar por uma casa onde havia morado, Freud dizia que um dia colocariam uma placa de bronze informando que Sigmund Freud havia morado ali."
Freud, um visionário mudando o mundo.
A falta de informações acabou dando uma certa liberdade aos roteiristas que retratam o jovem Freud, interpretado pelo ator Robert Finster, como sendo ambicioso e obcecado pelo sucesso. "Ele não queria apenas mudar o mundo, ele de fato conseguiu isso porque ainda vivemos na era freudiana. Também podemos descrevê-lo com um jovem muito atraente", disse Brunner. "Eu diria que ele era sexy", finalizou Hessler.
Ele é uma pessoa movida pelo desejo de sucesso e por provar suas teorias, além de ter enfrentado a total descrença de seu colegas de profissão quando inciava seu trabalho, especialmente por sua pesquisa usando hipnose, que ele mesmo acabou abandonando. Não obstante a produção da NetFlix cria um cenário de conspiração criminosa e política.
"O momento de vida, as complicações com sua família e seu momento na carreira são completamente reais", disse Brunner. "Mas tem certas coisas mostradas na série que deixarão o espectador em dúvida. Mas garantimos que seriam totalmente possível", completou o roteirista.
Na fronteira com a modernidade.
Os roteiristas não tentaram explicar o século 19 para as pessoas do século 21, invés disso eles criaram uma imersão do público naquela época, procurando recriar os eventos onde pessoas faziam "tableau vivant", recriavam pinturas famosas e também se submetiam à hipnose. "Foi uma época muito interessante porque estavam na fronteira com a modernidade", disse Hessler. "Havia muitas possibilidades no ar, e as pessoas acreditavam mais em fantasias."
O elenco precisou mergulhar no passado.
Já para o elenco foi muito importante saber como as pessoas pensavam naquele tempo. "Além de ler inúmeras biografias sobre Freud até os 30 anos, eu consumi romances e peças de personalidades como Stefan Zweig e Arthur Schnitzler", revelou Robert Finster. Schnitzler, aliás, é um dos personagens da produção, interpretado pelo ator Noah Saavedra. O ator também disse ter assistido a produções de cinema antigas com os atores austríacos Hans Moser e Peter Alexander para aprender sobre a forma de falar da época.
Um fascínio das pessoas por determinados eventos.
Ella Rumpf, que interpreta a personagem Fleur Salomé, aliada de Freud, leu muito sobre médiuns como Salomé. "Existia um verdadeiro fascínio de artistas e políticos na época, por esses fenômenos espirituais", disse. Os dois atores, Robert Finster e Ella, também se submeteram à seções de hipnose. "Fiz uma em que meu braço ficou anestesiado e outra em que meus dedos começaram a levitar. Eu sabia o que estava acontecendo e sabia que não era algo que eu estava fazendo. Eu recomendo a experiência", disse Finster.
Como se a história fosse hoje.
Sobre o visual, a série não tem muito do que o público está habituado a ver em produções de época. "Eu imaginava que seria muito mais parecido com Downton Abbey", contou Brunner. "Fiquei espantado quando vi as cenas dirigidas por Marvin. Sem aquela rigidez de Downton Abbey ou de outras séries ambientadas no século XIX. A impressão é que está acontecendo hoje."
Uma continuação.
Stefan Brunner e Benjamin Hessler ainda não acreditavam que sua obra produzida na Áustria totalmente em alemão seria exibida em mais de 190 países. "Olhe isso. Se há dez anos alguém me mostrasse esse futuro, eu não acreditaria." disse Brunner. Quanto ao futuro da série, ele é incerto. "Seria um desafio fazer uma segunda temporada porque meio que teríamos de transformá-lo num personagem totalmente ficcional. Não sei se seria interessante, então vamos ver", afirmou Brunner.
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