Google, Amazon e Microsoft usaram imagens de pessoas, sem consentimento, para testar reconhecimento facial
- A alegação é de que as gigantes de tecnologia utilizaram imagens de pessoas, sem a permissão delas.
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- Atualizado: Quinta, 29 Dezembro 2022 13:20
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A Amazon, a controladora do Google, Alphabet e Microsoft, estão sendo processadas por terem usado imagens sem autorização das pessoas, para treinar suas tecnologias de reconhecimento facial, violando o estatuto de privacidade biométrica do estado de Illinois, nos EUA.
As imagens em questão eram integrantes do banco de dados de 'Diversidade das Faces' da IBM, criado para auxiliar no estudo e no emprego no setor de segurança visando obter a máxima precisão em reconhecimento facial, observando mais do que só o tom da pele, idade e sexo.
Os dados incluem 1 milhão de fotos de rostos humanos
Assinalados com tags como simetria do rosto, comprimento do nariz e altura da testa. As duas pessoas do estado de Illinois que estão movendo os processos, Steven Vance e Tim Janecyk, relatam que suas fotos foram incluídas no banco de dados da IBM sem a permissão deles, apesar de terem se identificado especificamente como residentes do estado de Illinois. A coleta, armazenamento e utilização de informações biométricas são ilegais no estado americano se não houver o consentimento dos proprietários dos dados.
As empresas de tecnologia "escolheram utilizar e lucrar com a identificação biométrica e com as informações digitalizadas de fotografias de cidadãos americanos, compiladas de contas de usuário, computadores e dispositivos móveis usados em Illinois", dizem os processos. "Ao fazer isso, as gigantes de tecnologia expuseram os residentes e cidadãos de Illinois a riscos contínuos de invasão de privacidade, tendo ciência de que sua conduta prejudicaria essas pessoas".
O reconhecimento facial enfrentou reações de defensores da privacidade e legisladores
E algumas cidades proibiram o uso da tecnologia. No ano passado, os legisladores propuseram proibir unidades habitacionais públicas de usar a tecnologia de reconhecimento facial. Ainda assim, os sistemas de reconhecimento facial estão a caminho de se disseminar em aeroportos e shopping centers, e algumas empresas já estão vendendo para departamentos de polícia do mundo todo.
Tecnologia de reconhecimento facial não é muito confiável na identificação de mulheres e de minorias
Os críticos citam estudos mostrando que a tecnologia não é muito confiável na identificação de mulheres e de minorias. Acrescentam que, quando for implementada pode se tornar uma forma de vigilância invasiva e desrespeitosa. Empresas como a Clearview AI, que possui uma tecnologia que permite que os usuários identifiquem pessoas comparando seus rostos com fotos tiradas da Internet, levantaram preocupações sobre a influência da tecnologia na discriminação das minorias.
A IBM, empresa que coletou as imagens do Flickr, recebeu críticas de fotógrafos, especialistas e ativistas no início deste ano por não informar as pessoas de que suas imagens estavam sendo usadas para melhorar sua tecnologia de reconhecimento facial. Em resposta, a IBM disse que leva a privacidade a sério e que os usuários podem optar por não participar do banco de dados da empresa.
A questão, todavia, é que grande parte dessas pessoas simplesmente não sabe que seus rostos estão sendo usados para tal finalidade.
A IBM é um forte defensor da regulação do reconhecimento facial, mas em junho desse ano a empresa anunciou que sairia do mercado de reconhecimento facial, dizendo que se preocupa com o fato de a tecnologia estar sendo usada para promover discriminação contra as minorias.
Os processos, movidos nos tribunais dos estados da Califórnia e Washington, onde as empresas estão localizadas, buscam status de ação coletiva, bem como danos morais além da proibição de que as empresas de tecnologia não tenham acesso à bancos de dados de pessoas sem a autorização delas.
Já a Microsoft disse que recebeu a reclamação e está analisando. "Levamos a privacidade a sério e estamos comprometidos em garantir que nossa tecnologia de Inteligencia Artificial seja desenvolvida e usada com a maior responsabilidade", disse um porta-voz da Microsoft.
Os representantes da Amazon e do Google não se manifestaram.
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